PLANTÃO 24H
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Beatriz Terenzi

Epilepsia

 

A epilepsia é uma doença neurológica que acomete cães e gatos, podendo causar convulsões. Pode  ser de causa genética (primária) ou adquirida (secundária).

A epilepsia primária ou idiopática de ordem hereditária é mais comum em cães de raça pura. Manifesta-se geralmente entre 6 meses e 3 anos de idade.

A epilepsia de causa secundária  pode ser decorrente de trauma grave na cabeça com hemorragia, doenças degenerativas, tumores ou doenças infecciosas.

Nos cães, a incidência maior de epilepsia ocorre nos machos. As raças com maior predisposição a desenvolverem epilepsia idiopática são: São Bernardo; Cocker Spaniel; Setter irlandês; Boxer; Husky siberiano; Springer Spaniel; Malamute do Alasca; Border Collie; Poodle; Fox terrier; Beagle; Dachshund; Labrador; Golden Retrievers; Boiadeiro de Berna;Springer Spaniel Inglês;Spitz Finlandês; Pastor-de-Shetland.

A epilepsia é provocada por atividade elétrica excessiva no cérebro, que predispõe a crises epilépticas recorrentes. Quanto mais jovem for o animal ao começo dos sintomas, geralmente o controle da doença é mais difícil.

 As crises epilépticas podem ter intervalos de várias semanas até meses, podendo aumentar a frequência e intensidade com a idade.

 As crises focais se originam em um hemisfério do cérebro e levando a variadas alterações comportamentais como:

  • Movimento de mascar chicletes;
  • Lambedura repetitiva;
  • Movimentos compulsivos de caçar moscas imaginárias entre outras.

As crises generalizadas são chamadas de convulsões, e atingem os dois hemisférios cerebrais, causando movimentos incontroláveis em todo o corpo, micção e defecação involuntárias e perda de consciência.  

A crise de epilepsia em animais é dividida em quatro fases:

  • Pródromo: mudança de comportamento que precede a convulsão. O animal pode se mostrar assustado e arredio, ou buscar por atenção. Dura horas ou dias.
  • Aura: tem duração de minutos a horas. O animal pode apresentar comportamento de lambedura, latir, salivação excessiva, micção e vômito.
  • Ictus: é quando acontece a convulsão. O animal deita o corpo rigidamente de lado e apresenta espasmos, tremores agressivos, contrações musculares, dilatação da pupila, chutes aleatórios, salivação, micção e defecação involuntária. Uma crise tem duração de 1 a 5 minutos.
  • Pós-ictus: comportamento que segue a convulsão, podendo apresentar incoordenação, desorientação e cegueira. Pode durar de poucos segundos a várias horas.

O ideal é que o animal em crise epiléptica seja levado imediatamente ao veterinário, sendo  recomendado que não colocar nada na boca do animal.

A constante observação é fundamental para detectar traços da doença. Episódios de crises mais leves, com alterações de comportamento, apatia ou salivação, são suficientes para uma consulta ao veterinário. Se sofreu mais que uma crise convulsiva, é possível que ele tenha epilepsia.

O diagnóstico da epilepsia animal é realizado por meio de:

  • Exame clínico completo, com histórico de saúde;
  • Avaliação neurológica em busca de outros sintomas e sinais de uma doença de base;
  • Exame de sangue e de líquor para avaliação de possível patologia subjacente;

Caso seja necessário, exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância magnética, que registram anomalias neurológicas. 

A epilepsia não pode ser prevenida, mas  é recomendado evitar a reprodução de animais portadores de epilepsia. Quando mais cedo identificada e tratada, maiores as chances de controle e menos sequelas.

O tratamento tem como objetivo reduzir a frequência, duração e intensidade das crises epilépticas. A redução em pelo menos 50%, com o mínimo de efeitos colaterais, já é considerado um sucesso.

Geralmente, o controle é realizado com uso de medicamentos antiepilépticos  que devem ser administrados sob rigoroso acompanhamento veterinário, frequente a realização de perfil bioquímico  é muito importante devido aos  efeitos colaterais  das drogas de uso continuo como:

  • Ataxia,
  • Aumento de ingestão de água.
  • Micção frequente.
  • Sonolência.
  • Sobrepeso.

Portadores de epilepsia, quando tratados, geralmente mantêm boa qualidade de vida, mas exigem cuidados especiais. Devem ser mantidos afastados de escadas, piscinas, objetos pesados e ambientes que propiciem acidentes.

Alguns animais que apresentam predisposição às crises devido a estímulos externos como fogos de artifício devem ser acompanhados e monitorados mais atentamente.

No caso de crises muito frequentes, ou com duração maior do que 1 minuto, é importante a avaliação de um veterinário para adequação do tratamento e evitar a ocorrência de status epilepticus, situação que as convulsões prolongadas ou sequenciais, trazendo risco à vida do animal.