PLANTÃO 24H
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Dra. Gabriela

DERMATITE TROFOALÉRGICA ou HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR

 

A Dermatite Trofoalérgica ou também conhecida por Hipersensibilidade Alimentar, pode ocorrer em cães e gatos, que consiste em uma reação de hipersensibilidade a antígenos ingeridos através de alimentos ou aditivos alimentares, como corantes artificiais, aromatizantes e conservantes. Os alérgenos alimentares são na maioria das vezes moléculas proteicas, contudo, reações as glicoproteínas, lipoproteínas e carboidratos também tem sido identificados como alérgenos importantes.

               Alérgenos confirmados ou suspeitos são numerosos e englobam carnes, vísceras, miúdos e derivados de origem bovina, suínas, ovina, de peixes ou de aves, como também leite bovino, ovos, trigo, soja, milho, batatas, arroz, e inúmeras dietas comerciais. Até mesmo a água provinda da rede pública, de lagos, ribeirões e açudes, tem sido apontada por desencadear reações alérgicas, por supostamente conter algas e fungos que podem gerar essas reações. Em estudo nacional brasileiro, envolvendo cães com Dermatite Trofoalérgica, identificaram carne bovina, arroz e frango como os principais agentes causais.

               Essa patologia é comumente encontrada em cães e menos frequente em gatos. Nos cães é a dermatopatia mais comum depois de DAPE (Dermatite alérgica à picada de ectoparasitas) e Atopia, e nos gatos é mais frequente que a Dermatite Atópica.

               Em muitos dos casos os primeiros sintomas aparecem em animais antes de um ano de idade, que pode estar relacionado ao desmame precoce e a introdução de leite bovino nesta fase, ou quando também são submetidos abruptamente, a dietas comerciais. Pelo fato do intestino desses animais não estarem totalmente maturos, partículas de alimentos potencialmente alergênicos absorvidas em grandes quantidades, podem predispor a Hipersensibilidade alimentar.

               O sintoma mais comum na alergia alimentar é a coceira, que geralmente é intensa e que pode não estar acompanhada de lesões na pele. Frequentemente observa-se também uma pele mais avermelhada, otites recorrentes, infecções de pele chamadas de Piodermite causadas por bactérias secundárias a alergia, queda de pelos, descamações, a pele pode ficar pigmentada por uma coloração mais escura e também espessada. A coceira pode ainda provocar escoriações e ulcerações na pele. As lesões podem aparecer em qualquer região do corpo, porém são mais comuns na face e no tronco do animal. Uma outra característica observada é que consiste em uma doença não sazonal, ou seja, está presente durante todo o ano.

               O diagnóstico é feito pela história clínica, por exclusão da DAPE e Atopia, e pela dieta de eliminação, as chamadas Dietas Hipoalergênicas. Para isso, é necessário cessar petiscos e qualquer medicação que tenha palatabilizantes. A introdução da dieta de eliminação ou hipoalergênica é atualmente a prova padrão para diagnóstico de Dermatite Trofoalérgica em cães e gatos, sucedida pela chamada exposição provocativa. A dieta de eliminação deve incluir água mineral para preparo dos alimentos e ingestão, e combinação de alimentos que o animal teve pouco ou nenhum contato. As fontes de proteínas mais frequentes utilizadas incluem: carneiro, peixes de carne branca, coelho, pato e peru. Já os carboidratos incluem o arroz integral, batata, batata-doce e mandioca. Existem também rações comerciais hipoalergênicas que podem ser utilizadas para diagnóstico, mas atenção, deve-se utilizar preferencialmente as dietas hidrolisadas. As dietas devem ser fornecidas por seis a dez semanas, no mínimo.

               A avaliação da resposta à dieta deve ser feita durante todo tratamento pelo Médico Veterinário, assim como todo tratamento adjuvante das infecções e complicações secundárias apresentadas na Dermatite Trofoalérgica. É importante existir um elo de confiança e comprometimento, entre tutor e veterinário, para que seja realizado todas as instruções prescritas e ainda ao final da dieta, seja realizado o desafio, que consiste na reintrodução de alimentos potencialmente alergênicos que haviam sido removidos da dieta. Assim, o Médico Veterinário poderá diagnosticar ou não essa enfermidade.

               A busca por consulta especializada com veterinário dermatologista tem sido cada vez mais frequente, por essas doenças possuírem caráter recidivante, danos aparentes ao tutor e a explicita diminuição da qualidade de vida do animal.  Um profissional capacitado, exames complementares, diagnostico preciso e comprometimento do tutor, são fatores essenciais para um tratamento de sucesso em dermatologia veterinária.

 

MV. Gabriela Marques Rodrigues.

Responsável pelo Serviço de Dermatologia do Santo Agostinho Hospital Veterinário.